quarta-feira, 22 de abril de 2009

Das intenções da chuva.


"...e a chuva vem pequena e grandiosa
Acalenta ou revira o nosso lar 
[...]
A chuva nunca para de cantar
A chuva nunca para de descer
E a chuva
Com o seu sonho de água vem acesa
Pra lavar o que passou"
( Lirinha )

Existe algo de mágico na chuva, naquelas gotas que sucumbem à gravidade, assim como alguns sentimentos que sucumbem à gradnes amores inventados. 
Todas essas coisas - amores, água, sentimentos, invenções - ajudam a deixar os dias chuvosos com aquela cara de renovação, apesar de tudo. Renovação de espírito, pois nos obriga a mergulhar no oceano interior e dar braçadas enlouquecidas para tentarmos nos salvar do afogamento.
Afogamento. Dizem que é a pior maneira de morrer (se alguém souber de um jeito que não seja o melhor, pode avisar), e no entanto, está tão perto de nós em dias chuvosos...
E é como se nos matasse mesmo. E matasse tudo que nos aflige. A água enferruja a mais bem feita de todas as armaduras, então não adianta se esconder por muito tempo. Derrete a argila, por mais consistente que esta seja, então não adianta a dureza moldada por necessidade de não sofrer. A água leva consigo vida, mas nos dá a chance, sempre, de nascer novamente.
É a natureza da chuva que, alaga casas, derruba encostas e desabriga pessoas, mas que faz florescer os campos, faz encher os rios e traz a beleza cinza das tardes úmidas.
A chuva é a chance de cura para as doenças da alma.

Nenhum comentário: